quarta-feira, 22 de março de 2017

O Arco Norte e o interesse pela região de Barcarena


O Arco Norte já é uma realidade para as empresas que apostam no corredor logístico, onde o Pará se destaca para escoar – de forma rápida, eficiente e competitiva – grãos e diversas commodities para outros continentes. Segundo dados da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o transporte da safra 2016-2017 de grãos pelo Arco Norte responderá por 23% das exportações nacionais, com previsão de envio de 97 milhões de toneladas de soja e milho para outros países. 
Os portos públicos paraenses movimentaram, no acumulado dos últimos 4 anos R$ 3 bilhões de reais em cargas, mais de R$ 670 milhões de reais somente no ano de 2016. Os dados foram compilados pelo Sindicato dos Operadores Portuários (Sindopar) e estão no 4º Anuário dos Operadores Portuários do Estado do Pará, lançado no último dia 10.Segundo o Sindopar, o Arco Norte é a saída mais apropriada para o país. No Pará, estão os portos mais bem localizados e de menor custo para os produtos da região central. Não por acaso, o Estado é considerado a “bola da vez” pelo mercado de logística do País, não só por ser um caminho natural para o escoamento da produção do Norte e do Centro-Oeste, como também pelo futuro ainda mais promissor, a partir de obras que estão saindo do papel e são fundamentais para seu desenvolvimento. 


OTIMISMO
A Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) informa que, somente na região da Bacia do Tapajós, são pelo menos 20 pedidos de estudos para implantação de terminais, já à espera do aumento das exportações. “São terminais de granéis, multiuso e de contêineres. Muitos estão sendo feitos por gigantes do agronegócio, como Cargil, Bunge e Amaggi, entre outras”, explica José Maria Mendonça, vice-presidente da Fiepa e presidente do Conselho Temático de Infraestrutura da Fiepa (Coinfra).
O otimismo é compartilhado por outros analistas do setor. Segundo o gerente executivo de Infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso, esse caminho representará uma “quebra de paradigma” no transporte da produção do Norte e do Centro-Oeste: “Serão dezenas de terminais portuários na Calha Norte. E é a saída do Brasil. O mundo está acompanhando esse processo”, diz ele. “Sem falar na queda de custos. Só o frete da soja, por exemplo, vai cair 30%. Podemos pensar que a carga, em vez de percorrer 2 mil quilômetros até o Porto de Paranaguá, vai percorrer só 800 quilômetros”, calcula.
Rios paraenses concentram diversas vantagens competitivas 
Entre as empresas que já estão no Pará com planos de investimentos está a Santos Brasil, que foi contemplada com a antecipação da renovação de contrato de concessão do Terminal de Contêineres em Vila do Conde, no município de Barcarena, pelo Governo Federal. A empresa opera desde 2008 e já investiu mais de R$ 52 milhões na ampliação e melhoria do terminal. A região de Barcarena é de interesse por sua capilaridade hidroviária, que favorece a concentração de cargas para longo curso e cabotagem.
O projeto de ampliação virá com a assinatura da antecipação do contrato e vai atender ao aumento da demanda. O projeto apresentado pela empresa prevê investimentos de cerca de R$ 70 milhões no curto prazo. Segundo o Ministério dos Transportes, até o fim da concessão, em 2033, os investimentos totais da Santos Brasil serão de R$ 143,8 milhões.
Diretor-presidente da Associação dos Profissionais de Logística da Amazônia (Asplam), Alexandre Araújo também não economiza em boas perspectivas: “Teremos, nos próximos 10 anos, uma janela de oportunidade para nos deixar mais competitivos”, garante. “Vamos mudar a rota marítima comercial do país.” Araújo lembra que somente a Bacia Amazônica conta com 23 mil quilômetros de rios navegáveis, o que é uma vantagem competitiva. “O transporte hidroviário é o menos poluente e que requer menos gastos, tornando-se a melhor proposta de custo-benefício para o frete.”
Portos do Estado
Terminais privados
Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), existem hoje 25 terminais privados autorizados no Pará, sendo 16 Terminais de Uso Privado (TUP) e 9 Estações de Transbordo de Carga (ETC). Desse total, 11 foram autorizados após o novo marco legal do setor portuário, que derrubou as restrições para os terminais de uso privado movimentarem cargas de terceiros, totalizando um investimento de R$ 877 milhões. Atualmente, ainda segundo a agência reguladora, existem oito processos de autorização em andamento.
Fonte: Erica Ribeiro / Diário do Pará

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