Com o discurso de moralizar o serviço público e garantir uma questionável assiduidade dos servidores da Secretaria Municipal de Saúde de Barcarena, a secretária de saúde editou memorando no qual informa que todos os seus servidores receberão só, e somente só, a partir das horas comprovadas no registro biométrico de jornada. A medida não seria tão extravagante se não fosse a maldita seletividade do seu efetivo alcance, como diria Magalhães Barata, parafraseando Maquiavel “aos amigos os favores da lei, aos inimigos os rigores da lei”.
O tema PARECE ter uma questão de fundo importante: a qualidade do serviço público. Só PARECE, pois qualquer curioso mediano indagaria: o controle dos servidores, de forma isolada, a partir do registro biométrico, seria um remédio eficaz para a pretendida assiduidade dos servidores? E mais ainda, essa é uma política que alcança a todos os servidores ou é uma medida seletiva, com um certo cheiro de retaliação para os desafetos políticos que não apoiaram o prefeito reeleito?
A primeira questão é tão óbvia, pois em nenhum lugar do mundo se ouviu notícias de se ter melhores serviços públicos apenas pelo controle de entrada e saída do servidor, seja qual for o mecanismo de coerção. Para uma política eficaz e realmente comprometida com a qualidade do serviço público, o caminho sempre foi e SERÁ a boa (e quase extinta) política de valorização dos servidores, com plano de carreira com valorização salarial, formação continuada e melhores condições de trabalho, entre outras medidas.
A segunda questão é ainda mais grave, e é revelador da farsa da busca da tal assiduidade. Pois a imposição do registro biométrico é extremamente seletivo, não alcançando a totalidade dos servidores da secretaria de saúde, até onde se tem notícia são poucos os órgãos, e pior ainda, são contados nos dedos o número de servidores que são OBRIGADOS e se submeter a esse controle. Os apadrinhados e cabos eleitorais do atual prefeito estão DISPENSADOS de tais obrigações, e o mais revoltante, os “chegados” que fizeram “V” na eleição são tratados a pão de ló, pois além não serem obrigados ao controle da biometria e, portanto, livres pra irem a hora e o dia que quiserem para o trabalho, muitos ainda recebem de presente uns plantãozinhos, e diga-se de passagem: sem se quer pisar no ambiente do trabalho, e olha, que não é difícil de se constatar tal aberração, é só olhar no portal da transparência da prefeitura os nomes dos felizardos.
Fonte: Sindicato dos Químicos de Barcarena
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