terça-feira, 2 de maio de 2017

COMUNIDADES AUTORIZAM ASSOCIAÇÃO A PROCESSAR ALBRÁS E HYDRO POR DANOS AMBIENTAIS E À SAÚDE DE BARCARENA


Mais de 7 mil pessoas lotaram no final de semana uma assembleia de comunidades de Barcarena para tomarem decisões que devem entrar para a história das organizações populares no Pará submetidas ao poder incontrolável de empresas multinacionais que expulsam famílias de suas terras, agridem o meio ambiente, poluem rios e igarapés e pouco ou quase nada são incomodadas por quem deveria fiscalizá-las.
Após intensas discussões, essas comunidades decidiram ingressar judicialmente com ações de indenização contra as gigantes Alunorte Hydro e Albrás, e contra a Companhia de Desenvolvimento Industrial (CDI), hoje sob a sigla Codec, e o Estado do Pará por “danos socioambientais, à saúde e à qualidade de vida causados às populações e próximas às bacias de rejeito de alumínio”. 

As ações, por decisão da diretoria da Cainquiama – uma entidade que no passado atuava na defesa dos interesses de caboclos, índios e quilombolas, mas hoje, com nova personalidade jurídica, promove a luta em favor de causas sociais e ambientais -, serão impetradas pelo escritório socioambiental do advogado Ismael Moraes, que já reúne farta documentação para fundamentar suas petições. 

Para os comunitários, a chegada das multinacionais a Barcarena, a pretexto de desenvolver o município por meio da geração de emprego e renda, transformou sonhos em pesadelo. Florestas foram devastadas, igarapés aterrados, rios praticamente privatizados, impedindo a pesca, além de interferência no modo de vida das pessoas, violando práticas herdadas de ancestrais, avós e tataravós. 

Durante a assembleia, Ismael Moraes, após apresentar escritura pública de venda e compra de terras no município lavradas em cartórios, fez uma explanação sobre como a Hydro e a Albrás constroem suas bacias de rejeito industrial. O advogado revelou que uma das áreas é originalmente destinada à Reserva Ecológica, enquanto outra, de 536 hectares, tem parte destinada a assentamento.

Nessa segunda área os assentados deveriam ser ex-empregados demitidos e pessoas afetadas pela grilagem da CDI, hoje Codec, que Moraes informou deverão fazer parte do polo passivo no caso de praticar qualquer ato que viole o artigo. 225 da Constituição Federal, frustrando o direito ao meio ambiente comprometido pelo poder público. As duas empresas multinacionais, assim como a CDI, Codec e Estado também terão contra elas ajuizada uma ação de obrigação de fazer assentamento para os moradores tradicionais, seus descendentes e afins. 

Despejo e outras agressões 

A Cainquiama, segundo ficou decidido na assembleia das entidades, deverá prosseguir atuando junto às 2ª e 1 ª Varas de Barcarena nas ações possessórias, em especial na ação de reintegração de posse com pedido de liminar em um processo e recorrendo no agravo de instrumento, em outra ação, contra o despejo ocorrido em uma das comunidades. 

As pessoas vítimas de despejos reclamaram dos prejuízos que há anos estão sofrendo, inclusive com a perda de seus roçados e de não ter mais local para coletar frutos, caçar e ter lazer em igarapés e nas florestas devastadas após a chegada da Hydro e da Albrás, que continuam as agressões. 

Uma das reclamações é contra a maneira vista como parcial com que a Justiça de Barcarena atua em processos das comunidades contra as corporações multinacionais. Os grandes sempre vencem as batalhas contra os pequenos, daí o descrédito com o qual o judiciário é visto na região. 

Outra ação será ajuizada contra o município de Barcarena por ter aprovado um plano diretor por meio da lei municipal em que teria havido, de acordo com os comunitários, “clara corrupção dos vereadores e do prefeito Antonio Carlos Vilaça”, acusados de violar os diretos de habitação e vida digna de quase toda a população do município para favorecer as empresas. 

O Ver-o-Fato aguarda o posicionamento da Albrás e da Hydro. 






Fonte: Ver-o-fato


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