quinta-feira, 6 de abril de 2017

Estudantes de Barcarena cobram melhoria no transporte

Fila para embarque: rotina em Barcarena
Jhonata Chaves/LeiaJáImagens


Cota de gratuidade já não atende à demanda de jovens universitários que precisam viajar de ônibus e barco, todos os dias, para estudar em Belém

Estudantes que moram em Barcarena, município da região nordeste do Pará, têm rotina bastante desafiadora ao se deslocarem para suas escolas e universidades na capital paraense. Os alunos contam com o passe escolar, disponibilizado pela prefeitura de Barcarena, para gratuidade nas viagens rodoviárias e fluviais. Entretanto, a cota não é suficiente para atender a todos que precisam atravessar o rio para chegar a Belém.

O transporte se dá por vias rodoviária e fluvial. Os passageiros pegam o ônibus que os leva até a localidade do Arapari, onde uma embarcação os encaminha até Belém. No Terminal Hidroviário, as viagens ocorrem das 5h30 eaté às 18 horas. A lei nº1.901/97, de autoria do ex-vereador de Barcarena Gilmar Pereira, hoje vice-reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), foi criada para amparar, na época, universitários que se deslocavam para Belém, Moju e Abaetetuba, na busca de garantir um melhor e mais fácil acesso tanto ao transporte quanto aos campus das instituições de ensino espalhados pelas respectivas localidades. 

No início, a quantidade de estudantes que aguardavam na fila viajava em qualquer embarcação, mas com o passar dos anos, e com a modernização dos transportes, os donos das lanchas acabaram diminuindo o número de passageiros por viagem. Com isso, aumentaram as queixas de superlotação, pouca segurança e falta de manutenção dos barcos e balsas. Panes costumam deixar os barcos à deriva e tornam a viagem mais complicada. Em 1997, a Associação dos Estudantes Universitários de Barcarena (AEUB) conseguiu assesgurar uma cota de 10% na lotação de cada embarcação, dividida entre a Vila de São Francisco e Barcarena sede. Para os estudantes, a cota é desigual e não atende à demanda. 

Para a estudante Josiane Caena, que se desloca todo dia até Belém, a cota deveria aumentar. "Todo ano aumenta o número de estudantes e a cota, não. Era necessário pelo menos 20% para os alunos", disse.

Os pais de alunos também ficam preocupados. Sempre que deixam os filhos no porto de Barcarena deparam com fila, espera e demora da viagem. Para Ana Marta, de 40 anos, mãe de uma estudante de Biomedicina da Universidade Estradual do Pará (Uepa), a demora para conseguir o passe atrapalha na assiduidade da universitária. "A demora para conseguir uma passagem é muito grande. Minha filha precisa chegar muito cedo no porto, pelo menos com uma hora de antecedência de determinada viagem, e por vezes já chegou atrasada na universidade", conta. Por causa do problema, grande parte dos estudantes se muda para a capital paraense, para não perder aula e períodos de prova.

Ana Marta disse que considera a melhoria na condição do passe necessária, e essencial a criação de um polo de ensino disponível para moradores do município. "A cidade tem capacidade para isso, basta que os governantes façam acontecer, pois os alunos acabam indo para outras cidades e Estados à procura do curso dos sonhos," concluiu.

Já segundo a acadêmica de teatro da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenadora geral da AEUB, Cynthia Valadares, medidas estão sendo tomadas por donos de embarcação e a prefeitura. "Em 2015 um abaixo-assinado foi feito com mais de 300 assinaturas para pedir a Casa do Estudante, uma lancha exclusiva para atender os horários de maior fluxo, que são às 6, 12 e 18 horas." Para Cynthia, assim como para Ana Marta, a implantação de um polo universitário no município é essencial. "Barcarena tem mais de 100 mil habitantes e 30% são jovens. Dentre eles estão os que fazem cursos técnicos, graduação e pós-graduação, etc. O passe precisa ser melhorado, mas queremos o nível superior em nossa cidade, assunto que já foi discutido junto a UFPA e Uepa", disse a coordenadora.

Embora a classe estudantil se queixe regularmente, os donos de embarcação afirmam cumprir com a determinação de conceder passe livre aos estudantes. Serlin Costa, de 51 anos, que trabalha na embarcação A. Orca II, afirma seguir as regras. "Dividimos os estudantes com a cota de 10%: 5% para São Francisco e 5% para Barcarena Sede. Cumpro também a regra de que caso a embarcação não lote nós daremos vagas para os alunos que estiverem na fila", disse ela. Segundo Serlin, todos levam a má fama de quebrar o acordo. "Infelizmente por um pagam todos, quem cumpre a lei acaba pagando pelos outros que não respeitam os estudantes", concluiu.

A Secretaria de Educação de Barcarena foi procurada, mas não autorizou a publicação de informações sobre o caso.

Por Carla Mercês, Carolina Borges e Jhonata Chaves.

Fonte: LEIAJA

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