quinta-feira, 6 de abril de 2017

Protesto em Barcarena vai lembrar 18 meses de naufrágio

Foto: Tarso Sarraf/O Liberal
Moradores de Barcarena farão, hoje (6), um ato público em frente ao porto da Companhia Docas do Pará (CDP), em Vila do Conde, naquele município. A manifestação marca um ano e seis meses do naufrágio do navio Haidar, que, em outubro de 2015, afundou no porto de Vila do Conde, em Barcarena, administrado pela Companhia Docas do Pará (CDP). O acidente causou um desastre ambiental sem precedentes na região. A embarcação transportaria cinco mil bois para a Venezuela e estava carregada com 700 toneladas de combustível.
Com o naufrágio, dezenas de bois foram parar na praia de Vila do Conde, a mais afetada, e que, por isso, ficou interditada durante meses. O óleo também vazou pelo rio Pará, onde houve o acidente. Depois do acidente, os barraqueiros das praias reclamaram da queda nas vendas, dizendo que o acidente afugentou os clientes, e os pescadores também foram muito prejudicados com o desastre, pois, afirmaram, o “peixe sumiu”. Sem peixe e sem vendas, eles acumularam dívidas. Os moradores também criticam a Companhia Docas do Pará e lembram o não cumprimento da promessa feita por Helder Barbalho que, enquanto ministro da Secretaria de Portos, garantiu que repassaria R$ 5,4 milhões para o pagamento de um salário mínimo às pessoas prejudicadas. A promessa feita por Helder iludiu as comunidades, que nunca viram a cor do dinheiro.

O protesto está programado para ocorrer das 7 às 12 horas. “Até o momento, nenhuma solução foi efetivamente apresentada pelas autoridades públicas de Justiça e políticas para reparar os danos e impactos ambientais e sociais causados ao meio ambiente e às famílias impactadas”, disse, ontem, Paulo Feitosa, do Instituto Barcarena Socioambiental, e que participa dessa luta desde a época do naufrágio.    
Os moradores dizem que vão protestar pelo o que consideram descaso das autoridades públicas de Justiça e políticas. “Por, depois de um ano e seis meses do acidente, não terem tomado uma decisão e nem terem feito algo concreto positivamente em favor dessas famílias que continuam a sofrer com a escassez de água própria para o consumo humano”, acrescentou. As comunidades também querem “segurança alimentar, inclusão produtiva, geração de trabalho e renda e qualificação profissional”. Os moradores reivindicam, ainda, a descontaminação do meio ambiente impactado. “E a distribuição das cestas básicas que foram prometidas, além da indenização que, até o momento, só está na conversa”, afirmou Paulo Feitosa. Ele acrescentou que um levantamento feito pelas comunidades apontou que 4.082 famílias foram impactadas pelo acidente ambiental. 
Ontem, e consultado por este jornal, o Ministério Público Federal no Pará comentou o assunto. “As negociações para um acordo estão em andamento e bastante adiantadas”, informou o procurador da República Bruno Araújo Soares Valente, em informação divulgada pela assessoria de comunicação do Ministério Público Federal. A mais recente reunião com as empresas ocorreu na semana passada, e o MPF considera que a assinatura do acordo está bem próxima de ocorrer. “Acredito que na segunda quinzena de abril isso esteja fechado”, disse o procurador da República. Para não comprometer as negociações, o MPF não divulgou detalhes sobre as propostas de acordo nem irá conceder entrevistas até que as conversações sejam concluídas.

Fonte: ORMNEWS

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