Carcaças
de bois se espalharam pelas praias da região após o naufrágio do navio
Haidar no porto de Vila do Conde, em Barcarena. O naufrágio completou um
ano no último dia 6 de outubro. (Foto: Fabio Jose Lucena Costa/Futura
Press/Estadão Conteúdo)
Os impactos ambientais e sociais do naufrágio do navio Haidar em Barcarena,
no nordeste do Pará, foram discutidos durante uma reunião realizada na
quinta-feira (27) no auditório da Promotoria da Infância do Ministério
Público do Pará (MPPA), em Belém. No último dia 6 de outubro o naufrágio
completou um ano e, segundo o Ministério Público Federal (MPF), as
negociações com as empresas envolvidas no acidente continuam em
andamento, assim como as ações judiciais.
O navio Haidar, que estava a caminho da Venezuela, naufragou no Porto
de Vila do Conde com quase 700 toneladas de óleo e cerca de cinco mil
bois vivos. Após o incidente, as carcaças de animais e resíduos de óleo
se espalharam por rios e praias da região. Três praias de Vila do Conde,
o píer onde ocorreu o naufrágio e a praia de Beja, em Abaetetuba, foram
interditados e proibidos para qualquer tipo de atividade.
A reunião desta quinta foi coordenada pelo procurador da República,
Bruno Araújo Soares Valente, e pelo promotor de Justiça de Barcarena,
Laercio Guilhermino de Abreu, contando com a presença do procurador do
Estado, Rogério Friza, técnicos do Ministério Público e da Witt
O'Brien's Brasil, que modelaram os dados fornecidos pelos órgãos
públicos da área ambiental, portuária e da ação social dos municípios de
Barcarena, Abaetetuba e do Estado do Pará.
"Nesse primeiro momento estabelecemos identificar a área atingida pelo
impacto. Num segundo momento vamos procurar estabelecer o quantitativo
de pessoas atingidas e quem são essas pessoas", disse o procurador da
República Bruno Valente. Esta foi a terceira reunião sobre o tema
realizada no MPPA.
O promotor Laercio Abreu ressaltou a importância da colheita de dados.
"Foi uma reunião técnica para colher os subsídios técnicos e a partir
daí ter elementos para tomadas de decisões em relação a propostas das
empresas com relação aos danos sociais, coletivos", disse Abreu.
Segundo o promotor, os moradores das comunidades afetadas decidiram
durante a primeira audiência realizada que não desejam a construção de
hospitais ou outras obras, pois querem receber compensações em dinheiro.
O promotor ressaltou ainda a importância da colheita de informações
sobre as comunidades atingidas para que estas sejam beneficiadas pelo
rateio dos valores.
"Os estudos vão subsidiar as tomadas de decisão, para que possamos ter
um gradiente, linguagem técnica, uma modulagem sobre quais são as
pessoas e comunidades mais diretamente atingidas, para que na hora de se
fazer um rateio desse valores, sejam disponibilizados para essas
pessoas ou para essa comunidade mais diretamente atingidas", garante
Abreu.
Durante a reunião, foi definido que haverá uma reunião em Barcarena
para apresentar os dados às lideranças locais na próxima segunda-feira
(31). No dia 17 de novembro, haverá a próxima rodada de reunião para
identificar ou mensurar a quantidade de famílias impactadas. Esta
reunião exigirá a mobilização de dados da área de saúde, fornecimento de
energia, IBGE, entre outros, de acordo com o Procurador da República.
Fonte: http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2016/10/reuniao-avalia-impactos-em-areas-afetadas-por-naufragio-em-barcarena.html