O estado conta hoje com 4 distritos, que oferecem 19.159 empregos diretos. Dois novos distritos estão em fase de implantação
por Jeso Carneiro (*)
Com cerca de sete mil fábricas instaladas (dados de 2013, da Fiepa)
em seus 1.248.000 km² de território, o Pará ainda aposta – e muito – na
criação de distritos industriais, surgidos pelo país afora a partir da
década de 1950, no rastro da política desenvolvimentista de Getúlio
Vargas e JK, como mola propulsora para fomentar a criação de novas
unidades fabris no estado.
Esse modelo se sustenta até os dias de hoje porque ainda é visto pelo
governo e classe empresarial como vetor importante de descentralização
do parque industrial paraense (ainda concentrado na região no entorno de
Belém) e por ser responsável por consideráveis avanços nas atividades
econômicas e sociais do Pará.
Atualmente, existem quatro distritos industriais em plena atividade
no estado, sendo que apenas um, na cidade de Marabá, região sudeste e
inaugurado em 1987, está localizado fora da área do entorno da capital
paraense.
Novo impulso
Até o final do próximo ano, dois novos distritos industriais, ambos
em fase de implantação, devem entrar em funcionamento: o de Santarém,
com área de 233 hectares, e o novo DI de Marabá, que ganhará ampliação
de mais 606 hectares, sendo superado em termos de tamanho só pelo DI de
Barcarena, o mais antigo, criado em 1997 e com três mil hectares.
Ainda assim, o número de DI’s no Pará é bem modesto se comparado com
alguns estados da região Nordeste, por exemplo. No Rio Grande do Norte,
com pouco mais de 52 km² de extensão territorial, eles somam seis. Em
Pernambuco, são 27, enquanto que na Bahia os condomínios industriais chegam a 13.
Entre os estados da região Norte, o Pará lidera o ranking em número
de DI’s. E deve manter essa hegemonia por muito tempo ainda por conta da
política governamental de investir na criação de novos distritos.
Novos distritos
Já existem projetos sendo alinhavados dentro da Codec (Companhia de
Desenvolvimento Econômico do Pará), estatal responsável pela
implementação e gestão de DI’s, para criação de nada menos do que cinco
novos distritos industriais. Inclusive, com propostas de municípios onde
serão instalados definidas.
São eles:
– Inhangapi. Localizado no nordeste do Pará, próximo a cidade de Castanhal. Tem, segundo o IBGE, pouco mais de 11 mil habitantes;
– Canaã dos Carajás. Com quase 35 mil habitantes, fica no sudeste paraense. É um dos maiores exportadores de minérios do estado.
– Castanhal. A pouco
mais de 73 km por rodovia asfaltada de Belém, possui população estimada
em 192 mil habitantes. Tem uma pujante atividade econômica e faz parte
da RMB (Região Metropolitana de Belém) .
– Marituba. Também integrante da RMB e onde moram hoje, segundo estimativa do IBGE, 125.435 habitantes. Fica a margem da BR-316.
– Tailândia. No nordeste
paraense, tem cerca de 100 mil habitantes. Nos últimos anos, a
indústria madeireira vem perdendo espaço cada vez mais acentuado para o
agronegócio.
Olhar estratégico
Para Olavo das Neves, presidente da Codec (Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará), os DI’s são ao mesmo tempo instrumentos de “atração” e “indutores” de desenvolvimento do setor industrial paraense.
Mas para que isso ocorra na sua plenitude, é preciso, segundo ele,
que os empresários comprem e olhem os distritos industriais “como
estratégia de políticas de expansão” do setor.
Olavo das Neves, nº 1 da Codec do Pará
Qual a importância dos distritos industriais no Pará para o fortalecimento do setor?
Olavo das Neves – Os distritos industriais são áreas
industriais incentivadas que nasceram de um dos eixos da política
pública para o desenvolvimento econômico e social do Estado. É um
instrumento para atração de investimentos e é indutor na consolidação de
arranjos produtivos locais, na verticalização da produção e na
agregação de valor da matéria-prima existente.
O Pará tem apenas quatro distritos industriais em plena
atividade. O Rio Grande do Norte, no Nordeste, com área e importância
econômica e política menor do Pará, tem seis. A Bahia tem 13. Falta
vontade política e pressão da classe empresarial para criação de novos
distritos no estado?
Olavo das Neves: O Pará, nos últimos anos, veio
buscando encontrar caminhos para seu desenvolvimento econômico, criando
políticas públicas que estimulasse a produção como desoneração,
incentivos fiscais e linhas de financiamento a exemplo do banco do
produtor. Essas medidas ajudaram ao Pará a aumentar sua produção e agora
os distritos industriais podem contribuir fortemente na verticalização e
agregação de valor das riquezas hoje produzidas em nosso estado.
Quanto aos distritos industriais propriamente, algumas iniciativas
trouxeram para o estado grandes investimentos, mas carecendo de olhar
mais cuidadoso sobre os estudos estratégicos para novos distritos, o que
vem sendo trabalhado de forma estratégica pelo governo do Estado
através do programa Pará 2030 e estudos que a Codec já está realizando
para encontrar, nas regiões do Pará, os fatores competitivos e críticos
de sucesso que justifiquem a implantação de novas área industriais
incentivadas.
Neste aspecto, tanto a classe empresarial quanto a vontade política
vem trabalhando juntos, mas é fato que se os poderes públicos municipais
e estaduais não olharem conjuntamente para novos distritos eles não são
viabilizados, mas isso é entendimento antigo, hoje há muito mais
sintonia do que antes.
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“Os
distritos industriais podem contribuir fortemente na verticalização e
agregação de valor das riquezas hoje produzidas em nosso estado”
———————–
Para o governo, que ações são importantes para que distritos
industriais a serem implantados, como o de Santarém, tenham uma dinâmica
econômica superior, mais rentável e viável que os distritos hoje em
atividade?
Olavo das Neves: Primeiro ponto importante é a
compreensão da dinâmica econômica regional, quais são as cadeias
produtivas geradoras de riquezas e quais interesses econômicos nacionais
e internacionais enxergariam a região e investiriam aqui. Outro ponto
importante são as articulações com os setores produtivos regionais que
precisam comprar a ideia e olhar o distrito como estratégia de suas
políticas de expansão.
Por último, mas não menos importante, a construção de uma rede de
cooperação forte entre Estado e Município, juntamente com todos os
órgãos e instituições voltadas ao desenvolvimento econômico para que se
construa uma visão clara de futuro para o desenvolvimento econômico
regional.
Que estado brasileiro merece ser visto como exemplo pelo Pará
no tocante a política de gestão e criação de distritos industriais?
Olavo das Neves: Minas Gerais, que possui a política
de distritos industriais mais antiga do País, é uma referência para o
Pará por vários aspectos, entre eles a aproximação com algumas vocações
econômicas como a mineração e a verticalização. Mas arrisco a dizer que
os estados mais desenvolvidos do país como São Paulo, Paraná, Rio Grande
do Sul também são benchmarking para nós e estamos indo atrás dessas referências.
Indústria frigorífica, setor industrial em plena expansão no Pará. Foto – Agência Pará
Que mudanças devem ser implementadas, com urgência, nos
atuais distritos industriais do Pará a fim de que possam render ainda
mais para o setor industrial?
Olavo das Neves: A Codec debruçou-se sobre os
problemas e oportunidade dos distritos industrias do Pará e nos últimos
meses preparou um grande programa de competitividade dos distritos
industriais paraenses que está gerando cinco frentes de
projetos. Primeiro, está trabalhando na regularização das áreas
industriais que se encontram nas mãos de investimentos que não
implantaram seus projetos ou, por alguma variável de mercado, não deram
continuidade a suas atividades industriais.
Estamos notificando e conversando com todas elas abrindo uma janela
de negociações para que possa ser dado solução e utilidade a estas áreas
dentro dos DI’s. Segundo, está sendo desenvolvida uma estratégia de
revitalização física dos DI’s para que recebam uma adequação estrutural e
resolvam problemas simples como pintura de meio fio de vias, ação de
tapa buraco, melhoria de pórticos, sinalização vertical, segurança,
aberturas de novas vias etc.
Assim como está sendo pensada a abertura de zonas específicas dentro
dos DI’s de forma a propiciar alternativa para empresas locais lotadas
fora que por algum motivo estejam sofrendo pressões urbanas, ou mesmo,
entendam ser mais interessante estar ao lado de seus clientes baseados
nos distritos.
Terceiro, está sendo trabalhado com o poder público municipal e o
setor produtivo local a qualificação de pontos focais para se relacionar
com o Estado e vice versa no que se refere a recepção de investidores
interessados nos municípios para que haja maior aproximação nas relações
entre os entes e mais agilidade no encaminhamento de soluções.
Quarto, está sendo mapeado nas regiões de integração do estado,
alinhado ao Pará 2030, municípios prioritários que apresentem as
condições competitivas mínimas e interesse político municipal para
receberem distritos industriais.
Quinto, está sendo desenvolvido um novo plano de gestão para os DI’s
que passa pela revisão das nossas normas gerais, fortalecimento das
associações das empresas nos distritos, projeto de competitividade das
empresas, parcerias com poder público municipal para melhorias da coleta
de lixo, iluminação pública, segurança das vias públicas, controle de
acessos, entre outras medidas para melhoria da gestão das áreas
industriais.
Nova fábrica em Marabá investe R$ 100 milhões
A Correias Mercúrio,
que em mais de 70 anos de marcado de correias transportadoras no
Brasil, anunciou o início das operações de sua segunda fábrica, a ser
instalada no distrito industrial de Marabá.
O empreendimento é resultado de investimento na ordem de R$ 100
milhões. Será a primeira fábrica a produzir correias transportadoras no
Norte do país.
A nova planta, que já recebeu todas as licenças de funcionamento e
passa a funcionar em fase de testes, vai abastecer o Norte, Nordeste e
Centro-Oeste do Brasil, segundo a empresa.
De acordo com Cristina Kawall, do Conselho da Correias Mercúrio, “a
unidade Mercúrio Marabá é peça fundamental do plano de crescimento da
empresa. Com ela, damos um passo importante para tornar o Brasil
autossuficiente na produção de correias transportadoras, uma conquista
que nos enche de orgulho”.
No vídeo abaixo, a concepção arquitetônica da fábrica.
O Brasil abriga o maior mercado consumidor de correias
transportadoras da América do Sul. Elas desempenham papel fundamental em
setores de base como mineração, siderurgia e agronegócio.
Fundada em 1945, a Correias Mercúrio é empresa 100% brasileira,
sediada em Jundiaí, São Paulo. Líder no mercado brasileiro no seu
segmento, a empresa tem faturamento anual de cerca de 300 milhões de
reais. É a maior fábrica de correias transportadoras do Brasil e a maior
fabricante de correias de cabo de aço da América do Sul.
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