sábado, 29 de outubro de 2016

Pará aposta na criação de novos distritos industriais para impulsionar o setor

O estado conta hoje com 4 distritos, que oferecem 19.159 empregos diretos. Dois novos distritos estão em fase de implantação

Pará aposta na criação de novos distritos industriais para impulsionar o setor
por Jeso Carneiro (*)


Com cerca de sete mil fábricas instaladas (dados de 2013, da Fiepa) em seus 1.248.000 km² de território, o Pará ainda aposta – e muito – na criação de distritos industriais, surgidos pelo país afora a partir da década de 1950, no rastro da política desenvolvimentista de Getúlio Vargas e JK, como mola propulsora para fomentar a criação de novas unidades fabris no estado.
Esse modelo se sustenta até os dias de hoje porque ainda é visto pelo governo e classe empresarial como vetor importante de descentralização do parque industrial paraense (ainda concentrado na região no entorno de Belém) e por ser responsável por consideráveis avanços nas atividades econômicas e sociais do Pará.
Atualmente, existem quatro distritos industriais em plena atividade no estado, sendo que apenas um, na cidade de Marabá, região sudeste e inaugurado em 1987, está localizado fora da área do entorno da capital paraense.
Novo impulso
Até o final do próximo ano, dois novos distritos industriais, ambos em fase de implantação, devem entrar em funcionamento: o de Santarém, com área de 233 hectares, e o novo DI de Marabá, que ganhará ampliação de mais 606 hectares, sendo superado em termos de tamanho só pelo DI de Barcarena, o mais antigo, criado em 1997 e com três mil hectares.

Ainda assim, o número de DI’s no Pará é bem modesto se comparado com alguns estados da região Nordeste, por exemplo. No Rio Grande do Norte, com pouco mais de 52 km² de extensão territorial, eles somam seis. Em Pernambuco, são 27, enquanto que na Bahia os condomínios industriais chegam a 13.

Infográfico - distristos industriais no Pará

Entre os estados da região Norte, o Pará lidera o ranking em número de DI’s. E deve manter essa hegemonia por muito tempo ainda por conta da política governamental de investir na criação de novos distritos.


Novos distritos
Já existem projetos sendo alinhavados dentro da Codec (Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará), estatal responsável pela implementação e gestão de DI’s, para criação de nada menos do que cinco novos distritos industriais. Inclusive, com propostas de municípios onde serão instalados definidas.
São eles:
Inhangapi. Localizado no nordeste do Pará, próximo a cidade de Castanhal. Tem, segundo o IBGE, pouco mais de 11 mil habitantes;
Canaã dos Carajás. Com quase 35 mil habitantes, fica no sudeste paraense. É um dos maiores exportadores de minérios do estado.
Castanhal. A pouco mais de 73 km por rodovia asfaltada de Belém, possui população estimada em 192 mil habitantes. Tem uma pujante atividade econômica e faz parte da RMB (Região Metropolitana de Belém) .
Marituba. Também integrante da RMB e onde moram hoje, segundo estimativa do IBGE, 125.435 habitantes. Fica a margem da BR-316.
Tailândia. No nordeste paraense, tem cerca de 100 mil habitantes. Nos últimos anos, a indústria madeireira vem perdendo espaço cada vez mais acentuado para o agronegócio.
Olhar estratégico
Para Olavo das Neves, presidente da Codec (Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará), os DI’s são ao mesmo tempo instrumentos de “atração” e “indutores” de desenvolvimento do setor industrial paraense.
Mas para que isso ocorra na sua plenitude, é preciso, segundo ele, que os empresários comprem e olhem os distritos industriais “como estratégia de políticas de expansão” do setor.
Olavo das Neves
Olavo das Neves, nº 1 da Codec do Pará


Qual a importância dos distritos industriais no Pará para o fortalecimento do setor?
Olavo das Neves – Os distritos industriais são áreas industriais incentivadas que nasceram de um dos eixos da política pública para o desenvolvimento econômico e social do Estado. É um instrumento para atração de investimentos e é indutor na consolidação de arranjos produtivos locais, na verticalização da produção e na agregação de valor da matéria-prima existente.
O Pará tem apenas quatro distritos industriais em plena atividade. O Rio Grande do Norte, no Nordeste, com área e importância econômica e política menor do Pará, tem seis. A Bahia tem 13. Falta vontade política e pressão da classe empresarial para criação de novos distritos no estado?
Olavo das Neves: O Pará, nos últimos anos, veio buscando encontrar caminhos para seu desenvolvimento econômico, criando políticas públicas que estimulasse a produção como desoneração, incentivos fiscais e linhas de financiamento a exemplo do banco do produtor. Essas medidas ajudaram ao Pará a aumentar sua produção e agora os distritos industriais podem contribuir fortemente na verticalização e agregação de valor das riquezas hoje produzidas em nosso estado.
Quanto aos distritos industriais propriamente, algumas iniciativas trouxeram para o estado grandes investimentos, mas carecendo de olhar mais cuidadoso sobre os estudos estratégicos para novos distritos, o que vem sendo trabalhado de forma estratégica pelo governo do Estado através do programa Pará 2030 e estudos que a Codec já está realizando para encontrar, nas regiões do Pará, os fatores competitivos e críticos de sucesso que justifiquem a implantação de novas área industriais incentivadas.
Neste aspecto, tanto a classe empresarial quanto a vontade política vem trabalhando juntos, mas é fato que se os poderes públicos municipais e estaduais não olharem conjuntamente para novos distritos eles não são viabilizados, mas isso é entendimento antigo, hoje há muito mais sintonia do que antes.
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“Os distritos industriais podem contribuir fortemente na verticalização e agregação de valor das riquezas hoje produzidas em nosso estado”
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Para o governo, que ações são importantes para que distritos industriais a serem implantados, como o de Santarém, tenham uma dinâmica econômica superior, mais rentável e viável que os distritos hoje em atividade?
Olavo das Neves: Primeiro ponto importante é a compreensão da dinâmica econômica regional, quais são as cadeias produtivas geradoras de riquezas e quais interesses econômicos nacionais e internacionais enxergariam a região e investiriam aqui. Outro ponto importante são as articulações com os setores produtivos regionais que precisam comprar a ideia e olhar o distrito como estratégia de suas políticas de expansão.
Por último, mas não menos importante, a construção de uma rede de cooperação forte entre Estado e Município, juntamente com todos os órgãos e instituições voltadas ao desenvolvimento econômico para que se construa uma visão clara de futuro para o desenvolvimento econômico regional.
Que estado brasileiro merece ser visto como exemplo pelo Pará no tocante a política de gestão e criação de distritos industriais?
Olavo das Neves: Minas Gerais, que possui a política de distritos industriais mais antiga do País, é uma referência para o Pará por vários aspectos, entre eles a aproximação com algumas vocações econômicas como a mineração e a verticalização. Mas arrisco a dizer que os estados mais desenvolvidos do país como São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul também são benchmarking para nós e estamos indo atrás dessas referências.
Pará aposta na criação de novos distritos industriais para impulsionar o setorIndústria frigorífica, setor industrial em plena expansão no Pará. Foto – Agência Pará
Que mudanças devem ser implementadas, com urgência, nos atuais distritos industriais do Pará a fim de que possam render ainda mais para o setor industrial?
Olavo das Neves: A Codec debruçou-se sobre os problemas e oportunidade dos distritos industrias do Pará e nos últimos meses preparou um grande programa de competitividade dos distritos industriais paraenses que está gerando cinco frentes de projetos. Primeiro, está trabalhando na regularização das áreas industriais que se encontram nas mãos de investimentos que não implantaram seus projetos ou, por alguma variável de mercado, não deram continuidade a suas atividades industriais.
Estamos notificando e conversando com todas elas abrindo uma janela de negociações para que possa ser dado solução e utilidade a estas áreas dentro dos DI’s. Segundo, está sendo desenvolvida uma estratégia de revitalização física dos DI’s para que recebam uma adequação estrutural e resolvam problemas simples como pintura de meio fio de vias, ação de tapa buraco, melhoria de pórticos, sinalização vertical, segurança, aberturas de novas vias etc.
Assim como está sendo pensada a abertura de zonas específicas dentro dos DI’s de forma a propiciar alternativa para empresas locais lotadas fora que por algum motivo estejam sofrendo pressões urbanas, ou mesmo, entendam ser mais interessante estar ao lado de seus clientes baseados nos distritos.
Terceiro, está sendo trabalhado com o poder público municipal e o setor produtivo local a qualificação de pontos focais para se relacionar com o Estado e vice versa no que se refere a recepção de investidores interessados nos municípios para que haja maior aproximação nas relações entre os entes e mais agilidade no encaminhamento de soluções.
Quarto, está sendo mapeado nas regiões de integração do estado, alinhado ao Pará 2030, municípios prioritários que apresentem as condições competitivas mínimas e interesse político municipal para receberem distritos industriais.
Quinto, está sendo desenvolvido um novo plano de gestão para os DI’s que passa pela revisão das nossas normas gerais, fortalecimento das associações das empresas nos distritos, projeto de competitividade das empresas, parcerias com poder público municipal para melhorias da coleta de lixo, iluminação pública, segurança das vias públicas, controle de acessos, entre outras medidas para melhoria da gestão das áreas industriais.

Nova fábrica em Marabá investe R$ 100 milhões

A Correias Mercúrio, que em mais de 70 anos de marcado de correias transportadoras no Brasil, anunciou o início das operações de sua segunda fábrica, a ser instalada no distrito industrial de Marabá.
O empreendimento é resultado de investimento na ordem de R$ 100 milhões. Será a primeira fábrica a produzir correias transportadoras no Norte do país.
A nova planta, que já recebeu todas as licenças de funcionamento e passa a funcionar em fase de testes, vai abastecer o Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, segundo a empresa.
De acordo com Cristina Kawall, do Conselho da Correias Mercúrio, “a unidade Mercúrio Marabá é peça fundamental do plano de crescimento da empresa. Com ela, damos um passo importante para tornar o Brasil autossuficiente na produção de correias transportadoras, uma conquista que nos enche de orgulho”.
No vídeo abaixo, a concepção arquitetônica da fábrica.


O Brasil abriga o maior mercado consumidor de correias transportadoras da América do Sul. Elas desempenham papel fundamental em setores de base como mineração, siderurgia e agronegócio.

Fundada em 1945, a Correias Mercúrio é empresa 100% brasileira, sediada em Jundiaí, São Paulo. Líder no mercado brasileiro no seu segmento, a empresa tem faturamento anual de cerca de 300 milhões de reais. É a maior fábrica de correias transportadoras do Brasil e a maior fabricante de correias de cabo de aço da América do Sul.

Fonte: Blog do Jeso

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